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Marcos Veras bate um papo exclusivo sobre novo stand-up, vida, carreira e experiências

  • Foto do escritor: Sâmya Mesquita
    Sâmya Mesquita
  • 17 de abr. de 2023
  • 6 min de leitura

Atualizado: 2 de jun. de 2024

De Simas de Vai na Fé ao menino da Fátima (Bernardes), Marcos Veras se mostra um artista múltiplo. E sua versatilidade se coloca à prova no espetáculo Vocês Foram Maravilhosos, ao tratar de assuntos profundos e engraçados. Ao Tapis Rouge, ele fala sobre vida, carreira e experiências que o transformaram


Marcos Veras
Marcos Veras. (Foto: Divulgação)

Além do papel na novela Vai na Fé, onde vive o dono de bar Simas, Marcos Veras estreou no último fim de semana o stand-up comedy solo Vocês Foram Maravilhosos, no Teatro Miguel Falabella, no Rio de Janeiro. Com texto de sua autoria e direção de Leandro Muniz, o espetáculo já passou por Niterói (RJ) e Campinas (SP), e deve seguir para Minas Gerais, Brasília, Rio Grande do Norte e Ceará a partir de junho.


No espetáculo, o ator aborda assuntos como paternidade, carreira e família, compartilhando histórias engraçadas, transformadoras, e emocionantes e tristes — como a perda de seu pai e de sua irmã em um curto espaço de tempo. Mas o papo gira em torno de superar os momentos difíceis e transformá-los em um aprendizado. “Eu acho que o humor é a forma mais nobre, mais bonita, mais acessível para você tocar em assuntos delicados. Através do humor você consegue aliviar a dor”, diz o humorista.


Marcos Veras também comenta sobre suas primeiras experiências amorosas e causos vividos com personalidades como Jô Soares e Fátima Bernardes. “Eu conto na peça, por exemplo, como ganhei um quadro pintado pelo Jô Soares, como até hoje as pessoas me dizem que me vêem todo dia no Encontro e eu nem estou mais no programa. As pessoas me chamam de ‘o menino da Fátima’: ‘Olha, o menino da Fátima’”, ri o artista, que bateu um papo com Tapis Rouge e falou sobre sobre o espetáculo, sua vida e seu trabalho na TV.


Tapis Rouge – Primeiramente, conta pra gente o objetivo do espetáculo Vocês Foram Maravilhosos. Ele foi fomentado na pandemia. O que aconteceu nesse período para te levar à criação do stand-up?


Marcos Veras – Na verdade, foi um misto de tempo livre na quarentena, eu estava grávido nesse período, junto com a Rosane, então tive o privilégio de ficar em casa. O espetáculo foi sendo amadurecido conforme eu fui juntando textos que eu já tinha escrito com coisas novas que escrevi durante esse período [de quarentena]. Eu sempre tive vontade de falar do meu pai e da minha irmã, mas não sabia se seria em um livro, se seria nas redes, e acabou virando um espetáculo biográfico, sobre família, sobre carreira, que pode ser um espetáculo sobre todos nós, porque todo mundo tem família.


TR – Você teve perdas nos últimos tempos, mas traz esses fatos no espetáculo de forma bem-humorada. Como você acha que o público vai se identificar com as situações?


Marcos – Eu acho que o humor é a forma mais nobre, mais bonita, mais acessível para você tocar em assuntos delicados, tristes e difíceis. Através do humor você consegue aliviar a dor. Então, eu acho que eu transformei a dor da perda do meu pai e da minha irmã, ambos de maneira repentina e tão próximas – porque meu pai faleceu em 2008 e minha irmã em 2009, foram nove meses de diferença –, em humor. E esta é uma forma muito nobre de se tocar nisso. Todo mundo tem pai, todo mundo tem mãe, independentemente das suas relações com eles, então, acho que a identificação é imediata. Todo mundo já perdeu alguém ou alguma coisa importante da sua vida, um avô, uma avó, um tio, um emprego, um amor, então eu acho que o espetáculo fala de coisas do cotidiano, como carreira, inflação, desemprego, mas, principalmente, fala de nós e das nossas relações com a família e com a vida.


TR – Transformar dor em risadas é um talento ímpar. Então fala pra gente sobre o Terapia Coletiva, em que você convida ao palco uma pessoa da plateia. Há o risco do convidado deixar o papo pesado? Já aconteceu algo nesse sentido, em alguma das apresentações? Como você dribla isso?


Marcos – Ah, esse momento, Terapia Coletiva, é um dos que mais me deixa feliz no espetáculo. É um momento em que tudo pode acontecer, é onde o teatro acontece de uma forma muito completa, porque é ao vivo, não há nada combinado. Eu chamo uma pessoa da plateia, de maneira espontânea, e as pessoas sobem e falam de si, das suas vidas, das suas intimidades. Então, a gente vai do humor à emoção numa terapia que dura cinco minutos, num papo. A pessoa deita no divã e se sente à vontade e confiante para abrir coisas do seu coração, da sua vida, da sua profissão, das suas dores. Vêm acontecendo coisas lindas. Teve o cabeleireiro que subiu no palco para dizer que era cabeleireiro, mas também dançarino e resolveu mostrar a sua dança do palco; já teve um cabeludo super tímido que falou que seu maior medo era ficar careca; teve uma menina que disse que seu maior medo era da atriz Natalie Portman… Tem coisas inusitadas e engraçadas, e tem quem diga que o maior medo é perder a família, perder os filhos, não dar um futuro legal para os filhos. Tem gente que perdeu o avô, se emocionou e fez uma declaração de amor para o avô como se o avô estivesse ali. Tudo de maneira muito leve, respeitosa e bem-humorada. Nunca aconteceu de ficar um clima pesado, pelo contrário, o espetáculo é uma comédia do início ao fim. Mesmo quando eu falo das mortes do meu pai e da minha irmã, ele ainda é uma comédia. A comédia nunca se perde, e eu acho que este é o grande encanto deste espetáculo.


TR – Você também deve falar de suas experiências com Jô Soares e Fátima Bernardes. Pode nos adiantar alguma dessas situações curiosas?


Marcos – Como é um espetáculo que fala de família, em um determinado momento eu digo que também considero família pessoas com quem trabalhei durante um tempo maior, pessoas com quem trabalhei e me ajudaram de alguma maneira na carreira, como o Jô Soares, Agildo Ribeiro, Fátima Bernardes. Eu conto na peça, por exemplo, como eu ganhei um quadro pintado pelo Jô Soares, como a minha presença no programa ‘Encontro’ marcou, na verdade ainda marca, porque até hoje as pessoas me dizem que me veem todo dia no ‘Encontro’, eu nem estou mais no programa (sic). As pessoas me chamam de “o menino da Fátima”: “Olha, o menino da Fátima”.


TR – Você está agora em Vai na Fé e tem um grande repertório em novelas e programas de TV. Entre seu trabalho como ator e comediante, qual te contempla mais, como artista?


Marcos – Grande parte dos artistas brasileiros faz mais de uma coisa, porque precisa fazer mais de uma coisa. É muito difícil a gente se dar ao luxo de apenas atuar em um segmento. Acredito que, quanto mais múltiplo e versátil o artista for, mais oportunidades de trabalho ele tem, mais desafios ele tem, e mais o público também gosta. Acho que é também um presente para o público ver o artista em lugares diferentes. Eu gosto de fazer tudo junto e misturado. E para mim o ideal é fazer uma novela, aí terminar a novela fazendo um filme, terminar o filme fazendo uma peça de teatro. Se eu sair de um trabalho cômico, eu procuro fazer um drama em seguida. Sempre tento alimentar a minha multiplicidade.


TR – Agora falando de vida pessoal, como está sendo a experiência de ser pai? E como você acredita que o Davi te mudou como artista e como ser humano?


Marcos – Recentemente, em uma conversa sobre paternidade com um amigo, eu falei “cara, eu acho que a paternidade é o meu melhor papel”. Porque ela veio na hora certa, de uma certa forma. Já estava mais maduro, eu fui pai aos 40 anos, mais estabilizado financeiramente. Eu acredito que desenvolvo esse papel de pai da melhor maneira possível, sou um pai que posso ser, na medida do possível, carinhoso, atento, presente e muito compreensivo. E eu acho que mais aprendo com o Davi do que o contrário. E eu acho que meu papel é só tentar fazer com que ele continue sendo legal, respeitando ele o máximo possível.


TEXTO ORIGINALMENTE PUBLICADO AQUI.


Marcos Veras. Impresso. O Otimista.
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