Visita de estudantes à exposição de Sérgio Helle, reforça a importância do contato com a arte

Sâmya Mesquita
20 de dez. de 2022
3 min de leitura

Atualizado: 2 de jun. de 2024

Exposição Mar Ancestral, na Galeria Leonardo Leal, recebeu expedição de alunos da Escola Casulo Montessori. O Instituto Qair promoveu o encontro do artista Sérgio Helle com as crianças, destacando a necessidade do contato com a arte desde cedo

Exposição Mar Ancestral, de Sérgio Helle, com visitação de crianças. — Exposição Mar Ancestral, de Sérgio Helle. (Foto: Edmar Soares/O Otimista)

Segundo o Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil (RCNEI), as artes visuais são linguagens e, portanto, uma das formas importantes de expressão e comunicação humanas – o que, por si só, justifica sua presença no contexto da educação infantil. Tendo esta premissa, o Instituto Qair promoveu, na semana passada, um encontro do artista plástico cearense Sérgio Helle com crianças da Escola Casulo Montessori. O objetivo é fazer com que meninos e meninas tivessem contato com produções artísticas desde cedo, além do âmbito escolar.

A exposição visitada foi “Mar Ancestral: a vida e seu tempo”, na Galeria Leonardo Leal, que ressalta a temática de que a região da Chapada do Araripe já foi um grande mar, milhões de anos atrás. Traços marcantes das obras do autor cratense estão presentes, como a renovação da vida e a compreensão de que uma região tão rica historicamente, como o Cariri, tem uma beleza única.

De início, as crianças circularam livremente pela galeria. Algumas descobertas foram simbólicas, dignas do olhar infantil, como a pequena Sofia, que encontrou um rosto escondido em uma tela, quando nem mesmo o autor tinha percebido a forma. Sérgio bateu um papo com os pequenos entrevistadores, que tinham dúvidas das mais criativas, como com quantos anos ele começou a fazer arte e se ele faz um rascunho antes de começar a pintar. Entre os vários aprendizados que as crianças tiveram, destacou-se o fato de que Helle utiliza o computador como ferramenta artística. Isso saltou aos olhos, tendo em vista que os mecanismos podem ser acessíveis também a elas, mesmo em tenra idade.

Sulamita Holanda, analista socioambiental da Qair Brasil, falou ao Tapis Rouge sobre a importância desses momentos de socialização. “O Instituto Qair tem várias vertentes e uma delas é a valorização da cultura local. Então o Sérgio Helle, que é o nosso Embaixador da Cultura, veio para fortalecer a imagem do artista local. Ele é contemporâneo, reconhecido dentro e fora do Brasil, mas não é tão conhecido aqui, na terra dele. A gente quer ampliar esse conhecimento”, salienta.

Arte como fio condutor

A arte é um instrumento pedagógico importante para a compreensão de si mesmo, da realidade, dos próprios sentimentos e das emoções. Segundo a pedagoga Maria Belèn Garcia, na teoria montessoriana o ser humano tem necessidades fundamentais, sejam materiais ou espirituais. E uma dessas necessidades espirituais é a própria vivência da arte. “Uma coisa muito interessante que o Sérgio falou foi: ‘Eu errava e fazia de novo’. Porque o erro é muito mal visto na nossa sociedade. A gente tem que desconstruir isso. A gente só aprende se errar, se não tiver medo de fazer”, reflete a educadora.

Sérgio Helle, em meio a uma enxurrada de alunos pedindo-lhe um autógrafo, reflete sobre a importância de momentos como esse, na formação da próxima geração de artistas e até de mecenas. “Eu me lembro que quando eu viajava [para fora do país] para visitar museus, o que mais achava legal era aquela turma de colégios, fazendo com que as crianças se interessassem por arte desde cedo. A gente não tem o hábito dos empresários patrocinarem porque não foram criados dessa forma. (…) Quando crianças, eles não visitavam exposições”, aponta o artista com 34 anos de carreira.

Além da visita da criançada, a exposição estará aberta ao público geral a partir deste domingo (18). Além de autógrafos, as crianças levaram pra casa, senão o entendimento de que também podem fazer arte, ao menos a compreensão da importância da Arte em toda a sociedade – e como ela pode mover vidas.